O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2024, elevando a estimativa de 2,2% para 3,3%. Para 2025, a projeção também foi ajustada de 2,3% para 2,4%, conforme o mais recente relatório da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea. A revisão reflete a recuperação econômica acima do esperado em setores-chave, como o mercado de trabalho e o crédito ao consumidor.
Setores impulsionadores da economia
O crescimento robusto no primeiro semestre de 2024 foi puxado principalmente pelo aumento das vendas de bens e serviços às famílias, em grande parte devido à melhoria das condições de acesso ao crédito. Este cenário contrasta com o desempenho fraco observado em 2023, especialmente no que diz respeito à demanda por bens de capital, que agora se recupera, ajudando a aquecer o setor industrial.
Além disso, o consumo aparente de bens industriais apresentou expansão mais acelerada, resultado tanto da produção interna quanto do aumento nas importações. Entretanto, as exportações, que foram um dos grandes motores do crescimento em 2023, mostraram sinais de desaceleração.
Impactos esperados no segundo semestre
Apesar da boa performance no primeiro semestre, a expectativa para o segundo semestre de 2024 é de uma desaceleração moderada. Isso se deve, em parte, ao início do ciclo de aumento da taxa de juros promovido pelo Banco Central. Além disso, o impulso fiscal dado pelo governo tende a ser menor nos próximos meses. Outro fator relevante é a situação financeira das famílias: embora a massa salarial continue registrando crescimento real, a inflação em setores como o de serviços tem se tornado menos favorável.
Inflação e projeções para 2025
O Ipea também alerta que, embora a inflação acumulada em 12 meses ainda siga uma trajetória de desaceleração em relação a 2023, essa tendência é mais lenta do que o previsto. Isso significa que a inflação poderá apresentar leve aceleração nos próximos meses, mas se manterá abaixo dos 4,6% registrados no ano anterior. Para 2025, a expectativa de crescimento econômico é mais modesta, com o PIB projetado para aumentar 2,4%.
Análise crítica
A revisão do PIB pelo Ipea, embora positiva, traz desafios significativos para os próximos meses. A dependência de fatores externos, como o comportamento das exportações e a demanda interna por bens de capital, demonstra que a recuperação econômica ainda caminha em um terreno instável. O aumento da inflação no setor de serviços, combinado com a elevação da taxa de juros pelo Banco Central, pode restringir ainda mais o acesso ao crédito e impactar o consumo das famílias no médio prazo. Portanto, o crescimento sustentável para 2025 dependerá de políticas econômicas mais assertivas e de um ambiente fiscal equilibrado.
