Por Gil Campos: Goiânia, 27/10/2024 – As eleições para a Prefeitura de Goiânia revelaram mais do que a disputa entre Sandro Mabel (União Brasil) e Fred Rodrigues (PL). Elas expuseram um confronto velado entre dois grandes nomes da política nacional: Ronaldo Caiado, governador de Goiás, e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Embora Mabel tenha saído vitorioso com 55% dos votos, o resultado trouxe à tona um fato inegável: Caiado saiu enfraquecido politicamente, e sua rejeição cresceu de forma significativa entre os eleitores bolsonaristas. As ofensas trocadas com apoiadores de Bolsonaro durante a campanha abriram uma ferida difícil de cicatrizar, propagando um desgaste político que não só atingiu Goiânia, mas ecoou por todo o estado de Goiás.
Caiado e o desafeto com bolsonaristas: um golpe profundo
Ronaldo Caiado iniciou sua trajetória política com o apoio de uma base conservadora robusta, alinhada com o bolsonarismo em seus primeiros anos como governador. No entanto, os eventos recentes mostraram uma mudança significativa. Durante a campanha, as trocas de farpas entre Caiado e os apoiadores de Bolsonaro aprofundaram um racha entre as duas alas da direita em Goiás. Caiado, que já vinha tentando se distanciar de Bolsonaro para se posicionar como uma alternativa mais moderada, acabou atraindo críticas severas dos eleitores bolsonaristas, que antes o apoiavam.
Essas acusações e ofensas, trocadas ao longo da campanha, consolidaram o distanciamento entre Caiado e sua antiga base eleitoral bolsonarista, levando muitos eleitores conservadores a rejeitarem sua liderança. Em Goiânia, essa rejeição foi visível no segundo turno das eleições, onde muitos bolsonaristas optaram por não votar em Sandro Mabel, apesar de sua aliança com Caiado. Ao invés disso, alguns decidiram anular o voto ou se abstiveram, o que dificultou ainda mais a consolidação de Caiado como uma força unificadora da direita em Goiás.
Um crescimento da rejeição que se espalha por Goiás
A rejeição a Caiado não ficou restrita a Goiânia. Sua postura crítica em relação aos apoiadores de Bolsonaro, aliada às trocas de ataques durante o período eleitoral, propagou uma onda de descontentamento por todo o estado. Regiões tradicionalmente bolsonaristas passaram a ver Caiado como um traidor de seus valores conservadores, o que ampliou a rejeição ao governador. Esse sentimento foi reforçado por suas alianças contraditórias durante a campanha, especialmente sua dependência do Partido dos Trabalhadores (PT) para garantir a vitória de Sandro Mabel.
Embora Caiado tenha conseguido eleger seu aliado para a prefeitura da capital, o preço foi alto. Eleitores de direita, que antes viam o governador como uma figura respeitável e conservadora, agora o enxergam com desconfiança. Esse desgaste é profundo, e pode ser um obstáculo intransponível em suas aspirações de disputar a Presidência da República em 2026.
O impacto da rejeição nas ambições presidenciais de Caiado
Antes dessas eleições, Ronaldo Caiado era apontado como um dos nomes possíveis para disputar a Presidência da República em 2026, posicionando-se como uma alternativa moderada à polarização entre Bolsonaro e a esquerda. No entanto, o resultado das eleições em Goiânia revelou que sua rejeição cresceu de forma significativa, especialmente entre os eleitores bolsonaristas. Essa rejeição afeta diretamente suas chances de se posicionar como um presidenciável competitivo.
Caiado, que é amplamente conhecido em Goiás, ainda tem pouca expressão fora do estado. Sem uma base consolidada nos outros estados brasileiros e agora enfrentando um distanciamento de sua base local, sua candidatura presidencial parece mais distante. O cenário político em que Caiado se encontra não oferece a estrutura necessária para expandir seu nome nacionalmente, especialmente quando comparado ao capital político que Jair Bolsonaro ainda mantém em diversos estados do Brasil.
O apoio do PT na vitória de Sandro Mabel apenas reforçou essa fragilidade. Ao depender de uma aliança com a esquerda para garantir a vitória em Goiânia, Caiado alienou parte significativa de sua base conservadora, que esperava um confronto mais direto com os progressistas. Essa contradição política, entre alianças de conveniência e o discurso de centro-direita que Caiado tenta manter, pode ser insustentável a longo prazo.
Bolsonaro x Caiado: quem realmente venceu?
Embora o bolsonarismo tenha sido derrotado em Goiânia, com a perda de Fred Rodrigues, a verdade é que Jair Bolsonaro ainda mantém uma base sólida em Goiás e em outros estados. Ronaldo Caiado, por outro lado, sai enfraquecido, com uma base rachada e um apoio progressista que, embora o tenha ajudado momentaneamente, não será suficiente para sustentar suas aspirações nacionais. Enquanto Bolsonaro segue sendo uma força nacional com influência em diversas regiões do Brasil, Caiado parece estar preso ao cenário político local, sem perspectivas reais de expandir seu nome para além das fronteiras de Goiás.
A questão que se impõe agora é: Caiado pode competir com Bolsonaro pelo espaço na direita? Ao que tudo indica, não. A vitória de Mabel, embora significativa em termos locais, expôs uma série de fraquezas que serão exploradas em qualquer tentativa de Caiado de se posicionar como presidenciável. O crescimento da rejeição a Caiado em seu próprio estado pode ser o sinal de que seu futuro político está mais limitado do que nunca.
Conclusão: Caiado enfraquecido, Bolsonaro ainda forte
As eleições em Goiânia revelaram que, enquanto Jair Bolsonaro ainda mantém influência significativa sobre uma parcela do eleitorado conservador, Ronaldo Caiado saiu enfraquecido, com sua rejeição em crescimento e seu projeto político sendo questionado. Sem espaço para crescer fora de Goiás e com uma base local fragmentada, o sonho de disputar a Presidência da República em 2026 parece cada vez mais distante para Caiado.
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