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Organizações pressionam Ministério da Saúde por entrega de medicamento para AME

Zolgensma®, terapia que estabiliza a doença, ainda aguarda atualização de protocolo para ser disponibilizada no SUS

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Por Gil Campos: Goiânia, 10 de dezembro de 2024 – Organizações que defendem os direitos de pessoas com Atrofia Muscular Espinhal (AME) cobram do Ministério da Saúde a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da doença. Sem essa atualização, crianças com AME continuam sem acesso ao medicamento Zolgensma® (onasemnogeno abeparvoveque), incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) desde dezembro de 2022.

O Zolgensma, considerado uma das terapias mais avançadas contra a AME, custa mais de R$ 5 milhões por dose e é essencial para estabilizar a progressão da doença nos primeiros meses de vida. Contudo, sem a publicação do PCDT atualizado, o medicamento não pode ser distribuído aos pacientes. “Sem isso, a incorporação não se efetiva realmente, pois não acontece a dispensação do medicamento”, afirmam as organizações que formam o Universo Coletivo AME.

Pressão por respostas e agilidade

Na última segunda-feira (9), o grupo apresentou um manifesto ao Departamento de Atenção Especializada e Temática do Ministério da Saúde, cobrando uma solução rápida. Adriane Loper, presidente do Instituto Fernando Loper, destacou que a demora tem consequências graves para as crianças. “Cada dia sem tratamento é prejudicial. A AME destrói neurônios motores, que são irrecuperáveis. Essa espera é insustentável,” afirmou.

Aline Giuliani, presidente do Grupo Viva Iris, reforçou a gravidade da situação. “Essa doença não espera. Ela destrói capacidades que não podem ser recuperadas. É frustrante ver que, mesmo com medicamentos disponíveis, muitas pessoas não conseguem tratamento,” lamentou.

Impacto financeiro e judicialização

O manifesto aponta que a demora na atualização do PCDT também onera os cofres públicos. Enquanto o preço negociado para o SUS é de R$ 5,72 milhões por dose, a judicialização eleva o custo médio para R$ 8,67 milhões por paciente. “Sem o protocolo, as compras individuais acabam sendo muito mais caras,” alertam as organizações.

O que é a AME e como o Zolgensma® atua

A AME é uma doença genética rara e degenerativa que afeta os neurônios motores, responsáveis por funções vitais como respirar, engolir e se mover. Sem tratamento, os pacientes perdem progressivamente essas capacidades.

O Zolgensma® é administrado em dose única e é indicado para crianças com AME do tipo 1, diagnosticadas até os seis meses de idade, que não estejam em ventilação invasiva prolongada. Ele é diferente de outros medicamentos já disponíveis no SUS, como o nusinersena (injeção hospitalar) e o risdiplam (solução oral diária), que requerem aplicações periódicas.

Apesar de não oferecer cura, o Zolgensma estabiliza a progressão da doença, sendo essencial sua aplicação precoce.

O que diz o Ministério da Saúde

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que está em negociação com a farmacêutica Novartis, fornecedora exclusiva do Zolgensma, para finalizar o Acordo de Compartilhamento de Risco (ACR), etapa necessária para a disponibilização do medicamento no SUS. Segundo o Ministério, o acordo envolve o monitoramento dos resultados individuais dos pacientes ao longo dos anos.

A pasta garantiu que pacientes com decisão judicial favorável estão recebendo o medicamento e que está empenhada em resolver o impasse administrativo.

Análise crítica

A demora na implementação do PCDT reflete um problema estrutural que prejudica pacientes vulneráveis e sobrecarrega o sistema de saúde com custos elevados de judicialização. Resolver esse entrave é crucial para garantir o direito à saúde, especialmente quando terapias inovadoras como o Zolgensma podem transformar a vida de crianças diagnosticadas com AME.

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# Gil Campos

Gil Campos, publicitário, jornalista e CEO do Grupo Ideia Goiás e Jornais Associados, é o fundador dos veículos Folha de Goiás, Opinião Goiás e Folha do Estado de Goiás. Com uma visão inovadora e estratégica, ele transforma o jornalismo em Goiás, oferecendo notícias de qualidade, análises profundas e cobertura dos principais fatos no Brasil e no mundo. Fale com Gil Campos: 📱 WhatsApp: (62) 99822-8647 📧 E-mail: [email protected] | [email protected] | [email protected]

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