Por Gil Campos: Goiânia, 20 de dezembro de 2024 – A Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em parceria com a Receita Federal, Ministério Público Federal (MPF) e Controladoria-Geral da União (CGU), investiga um suposto esquema de corrupção envolvendo contratos superfaturados no setor de limpeza urbana. O esquema, que teria movimentado mais de R$ 824,5 milhões, menciona figuras políticas influentes, incluindo o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e contratos ligados ao Governo de Goiás.
Fraudes documentadas e o alcance nacional
De acordo com a Receita Federal, o esquema utilizava recursos de emendas parlamentares para superfaturar contratos públicos em pelo menos 12 estados. Entre os principais valores mencionados estão:
- São Paulo: R$ 245 milhões;
- Rio de Janeiro: R$ 89,6 milhões;
- Goiás (Educação): R$ 35,2 milhões;
- Outros estados incluem Maranhão (R$ 39,3 milhões), Pernambuco (R$ 36 milhões) e Amapá (R$ 6,9 milhões).
Uma planilha apreendida pela PF detalha o alcance do esquema, mencionando diretamente José Marcos Moura, o “Rei do Lixo”, identificado na documentação como “MM”. Conforme relatório da CGU, Goiás está entre os estados com contratos investigados, especialmente nas áreas de educação e saúde.
Conexões políticas do União Brasil
Reportagens da CNN Brasil e do Estadão apontam para o envolvimento de lideranças do União Brasil no esquema. Segundo Luciano Bivar, ex-presidente do partido, um golpe interno teria sido articulado por Ronaldo Caiado (Goiás), ACM Neto (Bahia) e Davi Alcolumbre (Amapá) para afastá-lo e favorecer contratos que teriam beneficiado Moura e seus aliados.
O inquérito 2023.01059 – SR/PF/BA (1007020-14.2024.4.01.3300) cita explicitamente Goiás como um dos estados com contratos superfaturados. Moura, além de atuar em contratos municipais, teria negociado diretamente com estados como Goiás e Bahia, segundo a Polícia Federal.
Ação judicial e movimentações em Brasília
O Estadão revelou que os prejuízos apurados até agora somam R$ 393 milhões, enquanto o impacto total pode ultrapassar os valores já mencionados. Moura, preso desde 10 de dezembro, contratou advogados renomados para defender sua liberdade em Brasília. Reportagem de Malu Gaspar, do O Globo, destacou que a desembargadora responsável pelo caso é candidata a uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o que levanta questionamentos sobre possíveis influências políticas no processo.
Impacto em Goiás e o silêncio de Caiado
Embora o governador Ronaldo Caiado negue qualquer envolvimento no esquema, a presença de contratos de Goiás na documentação apreendida gera dúvidas sobre a extensão da participação do estado. Contratos atribuídos à área de educação e à gestão de Organizações Sociais em saúde estão entre os pontos de maior preocupação para os investigadores.
A Operação Overclean, comparada à Lava Jato pela dimensão e impacto político, reforça a necessidade de maior controle sobre o uso de emendas parlamentares e licitações públicas. Goiás se torna um dos focos centrais das investigações, o que pode trazer desdobramentos políticos e administrativos.
Nota da Redação
O Jornal JA7 mantém seu espaço aberto ao governador Ronaldo Caiado e a todos os mencionados na matéria para apresentarem seus esclarecimentos. Garantimos o direito ao contraditório e à ampla defesa, pilares fundamentais de nossa cobertura jornalística.