Com a aproximação do segundo turno das eleições municipais em Goiânia, um cenário inesperado começa a se desenhar no horizonte político da capital goiana. O embate entre Fred Rodrigues (PL) e Sandro Mabel (União Brasil) coloca o atual governador de Goiás, Ronaldo Caiado, no centro das atenções, já que Mabel é seu candidato apoiado. No entanto, o que pode parecer uma disputa acirrada entre dois candidatos, ganha um componente novo: o possível voto de protesto de eleitores petistas.
PT fora do segundo turno: uma estratégia de protesto?
Após a eliminação da candidata do PT, Adriana Accorsi, no primeiro turno, os eleitores de esquerda se encontram numa posição complexa. De um lado, há o candidato Sandro Mabel, apoiado por Caiado, que recusou qualquer aliança com o PT. Do outro, Fred Rodrigues, aliado de Jair Bolsonaro, cuja plataforma parece completamente adversa ao projeto petista. No entanto, o cenário político goiano sugere que, estrategicamente, o voto de protesto contra Caiado e Mabel pode ser a chave para que o PT inicie um enfraquecimento gradual da hegemonia do governador nas eleições estaduais de 2026.
Eleitores do PT podem decidir o segundo turno
A decisão de Sandro Mabel de rejeitar o apoio de Adriana Accorsi pode ter consequências imprevistas. Para muitos eleitores petistas, a estratégia pode ser simples: votar em Fred Rodrigues para enfraquecer Caiado e seu grupo político, ao invés de apoiar Mabel, que rejeitou a esquerda. A política, muitas vezes, exige alianças inesperadas, e esse pode ser o momento para o PT neutralizar o avanço de Caiado, usando a insatisfação de sua base como ferramenta de mudança.
A questão que fica é: será que a força do voto de protesto será suficiente para inclinar o resultado do segundo turno em favor de Fred Rodrigues? E mais importante: Sandro Mabel e Caiado subestimaram a importância dos eleitores de esquerda?
As implicações para as eleições de 2026
A decisão de Sandro Mabel de não se aliar ao PT pode ser vista como uma escolha de curto prazo, voltada exclusivamente para a vitória em Goiânia. Contudo, se a recusa enfraquecer sua candidatura agora, as repercussões podem ser profundas nas eleições estaduais e federais de 2026. O PT em Goiás, mesmo sem uma vitória direta nas eleições municipais, pode começar a construir um novo campo político, preparando-se para 2026, quando as vagas para o Senado, para a Câmara dos Deputados, e para o governo de Goiás estarão em disputa.
Se o PT for capaz de mobilizar seus eleitores de forma estratégica no segundo turno, isso pode significar o início do declínio da base de Caiado, preparando o terreno para o crescimento da esquerda no estado nos próximos anos. Essa movimentação poderá reverberar também no cenário nacional, enfraquecendo a direita em Goiás e abrindo espaço para que o PT ganhe mais relevância política em um estado historicamente conservador.
A crítica ao “já ganhou”
No campo de Mabel e Caiado, o sentimento de confiança pode acabar sendo o principal erro. A ideia de que a base eleitoral de Caiado está consolidada e que o apoio ao União Brasil garantirá uma vitória tranquila pode ser ilusão. A realidade política de Goiás é mais complexa, e as últimas eleições já mostraram que as pesquisas eleitorais podem não captar o verdadeiro sentimento dos eleitores.
O que vimos no primeiro turno das eleições em Goiânia foi a surpresa da vitória de Fred Rodrigues, contrariando pesquisas que indicavam uma liderança de Mabel e Adriana Accorsi. O mesmo pode acontecer agora no segundo turno, e os eleitores do PT, insatisfeitos com a rejeição de seu apoio, podem ser a peça-chave nesse cenário.
Análise Crítica
A rejeição ao PT pode ser um erro político fatal para Sandro Mabel. Em um estado onde a política é feita de alianças e de concessões, não é possível ignorar um grupo de eleitores com tanto potencial de influência. Ronaldo Caiado, ao se aliar com Mabel, pode ter subestimado o poder do voto de protesto, e essa escolha pode acabar prejudicando o grupo político que ele pretende liderar nas eleições estaduais e nacionais de 2026. Fred Rodrigues, por outro lado, mesmo com sua base bolsonarista, pode se beneficiar de um voto estratégico dos eleitores petistas, que veem na derrota de Caiado e Mabel uma oportunidade de crescimento futuro.
Em meio a um cenário político volátil e imprevisível, o papel dos eleitores do PT será crucial na decisão das eleições de Goiânia. A recusa de Mabel pode ter consequências maiores do que inicialmente esperado, e o voto de protesto contra Caiado pode ser a chave para uma virada no segundo turno. O PT, mais do que nunca, tem a oportunidade de traçar um novo caminho político em Goiás.
