Por Gil Campos: Goiânia, 4 de dezembro de 2024 – O Brasil encerrou 2023 com os menores índices de pobreza e extrema pobreza já registrados pela pesquisa Síntese de Indicadores Sociais, realizada pelo IBGE desde 2012. Apesar dos avanços, os números revelam um país ainda marcado por fortes desigualdades regionais e sociais.
De acordo com o levantamento, cerca de 58,9 milhões de brasileiros viviam na pobreza, enquanto 9,5 milhões estavam em extrema pobreza no final de 2023. Esses números refletem uma redução expressiva em relação a 2022, mas também destacam a necessidade de políticas públicas que promovam igualdade de oportunidades.
Reduções históricas na pobreza
A proporção de brasileiros vivendo na extrema pobreza caiu para 4,4% em 2023, ante 5,9% em 2022. Já o índice de pobreza recuou de 31,6% para 27,4% no mesmo período. Esses avanços foram impulsionados principalmente por melhorias no mercado de trabalho e pelo aumento dos valores de programas sociais como o Bolsa Família.
No entanto, o Brasil ainda enfrenta disparidades significativas. Enquanto o Nordeste lidera com os maiores índices de extrema pobreza (9,1%) e pobreza (47,2%), o Sul apresenta os menores percentuais, com 1,7% e 14,8%, respectivamente.
Os mais impactados pela pobreza
O estudo revelou que mulheres, negros e jovens continuam sendo os mais afetados pela pobreza:
- Mulheres: 28,4% estão na pobreza, contra 26,3% dos homens.
- Negros e pardos: 35,5% dos pardos e 30,8% dos negros vivem na pobreza, enquanto o índice entre brancos é de 17,7%.
- Jovens: Crianças e adolescentes com até 15 anos enfrentam os piores índices, com 44,8% vivendo na pobreza, seguidos pelos jovens de 15 a 29 anos (29,9%).
Por outro lado, os idosos são o grupo menos atingido, graças ao acesso a aposentadorias e pensões, que garantem maior estabilidade econômica.
Benefícios sociais são determinantes
Programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, foram cruciais para a redução da pobreza extrema em 2023. Sem esses programas, o IBGE estima que a extrema pobreza teria atingido 11,2% da população, enquanto a pobreza subiria para 32,4%.
Famílias com renda de até ¼ do salário mínimo por pessoa obtiveram 57,1% de seus rendimentos dos benefícios sociais, enquanto apenas 34,6% vieram do trabalho. Esses dados destacam a dependência de políticas públicas para garantir a sobrevivência dessas famílias.
Desigualdade ainda é um desafio
O índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, permaneceu estável em 0,518, o melhor resultado desde 2012. No entanto, sem os programas sociais, o índice teria subido para 0,555, evidenciando o impacto positivo dessas políticas na redução da desigualdade.
Análise Crítica
Os avanços no combate à pobreza mostram que o Brasil está no caminho certo, mas ainda enfrenta obstáculos significativos, especialmente no Nordeste e entre os grupos mais vulneráveis, como mulheres, jovens e negros.
A dependência de benefícios sociais, embora necessária, expõe a fragilidade econômica de milhões de brasileiros. Investimentos em educação, qualificação profissional e infraestrutura regional são essenciais para garantir que essas melhorias sejam sustentáveis no longo prazo.
O desafio do próximo governo será equilibrar a ampliação de políticas públicas com o fortalecimento do mercado de trabalho, promovendo maior autonomia para as famílias de baixa renda.