Por Gil Campos: Goiânia, 27/10/2024 – A eleição municipal de Goiânia, marcada por polêmicas, alianças inesperadas e investigações de compra de votos, chegou ao fim com a vitória de Sandro Mabel (União Brasil), que conquistou 55% dos votos, superando Fred Rodrigues (PL), que obteve 44%. A vitória de Mabel reflete uma campanha repleta de controvérsias, principalmente envolvendo o apoio crucial do Partido dos Trabalhadores (PT) e do ex-presidente Lula, bem como a relação com o governador Ronaldo Caiado, que também esteve no centro das investigações de abuso de poder e uso da máquina pública.
O apoio estratégico do PT e a mobilização do eleitorado
A vitória de Sandro Mabel foi impulsionada, em grande parte, pelo apoio do PT e sua base eleitoral. O ex-presidente Lula e a ex-deputada estadual Adriana Accorsi desempenharam um papel central na mobilização dos eleitores de esquerda, que foram convencidos a apoiar Mabel como forma de derrotar Fred Rodrigues, um dos principais representantes do bolsonarismo na capital goiana.
Essa aliança, que inicialmente parecia improvável, foi determinante para garantir a margem de vitória de Mabel, que dependia de conquistar o voto dos eleitores progressistas de Goiânia, historicamente ligados ao PT. Com o apoio do PT, Mabel conseguiu angariar votos nas regiões periféricas da cidade, redutos eleitorais que, sem essa articulação, poderiam ter optado por Fred Rodrigues ou até mesmo pelo voto nulo.
O apoio do PT não foi apenas simbólico. A máquina partidária trabalhou ativamente para convencer eleitores indecisos e setores da classe trabalhadora de que Sandro Mabel era a escolha mais viável para evitar a continuidade de políticas conservadoras. Em contrapartida, Mabel prometeu governar com uma agenda que pudesse conciliar interesses tanto da base conservadora quanto da esquerda.
Polêmicas e investigações: o impacto na eleição
Apesar de sua vitória, a campanha de Sandro Mabel foi marcada por uma série de investigações de compra de votos e abuso de poder. O TRE-GO e a Polícia Federal abriram processos contra Mabel e seu principal aliado, o governador Ronaldo Caiado, por supostamente utilizarem a máquina pública para favorecer a candidatura de Mabel. Leia mais sobre a investigação aqui.
A polêmica se agravou quando o TRE-GO proibiu Caiado de utilizar o Palácio das Esmeraldas para manifestar apoio público a Mabel, em uma decisão que acirrou os ânimos nos últimos dias de campanha. Apesar da decisão judicial, as investigações não impediram que Mabel continuasse sua campanha com o apoio de Caiado, o que levantou críticas de seus adversários e de setores do eleitorado. Leia mais sobre essa decisão do TRE-GO aqui.
Além disso, o suposto contato de Caiado com o ministro Alexandre de Moraes, do STF, foi amplamente discutido. Essa suspeita de interferência política gerou questionamentos sobre a lisura do processo eleitoral. O episódio mais crítico ocorreu dois dias antes da votação, quando a Polícia Federal deflagrou uma operação contra o deputado federal Gustavo Gayer, aliado de Fred Rodrigues. A operação foi vista por muitos como uma tentativa de desestabilizar a candidatura de Rodrigues, e levantou dúvidas sobre a justiça da ação tão próxima do dia da eleição. Leia mais sobre a operação contra Gustavo Gayer aqui.
O papel de Caiado e as alianças estratégicas
O envolvimento do governador Ronaldo Caiado foi um elemento central na vitória de Mabel. Embora enfrentando investigações, Caiado conseguiu utilizar sua influência política para mobilizar setores da elite goiana e consolidar o apoio da máquina pública. No entanto, o apoio de Caiado sozinho não seria suficiente sem a aliança inesperada com o PT.
O que inicialmente parecia uma disputa entre direita e esquerda, com Fred Rodrigues representando o conservadorismo bolsonarista e Mabel associado à base de Caiado, tornou-se uma eleição marcada por alianças pragmáticas. Essa estratégia permitiu a Mabel não apenas ganhar os votos necessários, mas também neutralizar a oposição de setores que, historicamente, estariam contra sua candidatura.
Um futuro incerto para Goiânia
Com Sandro Mabel agora eleito prefeito de Goiânia, a cidade enfrenta um futuro incerto. A legitimidade de sua vitória será constantemente questionada por conta das investigações que seguem em andamento. Além disso, Mabel terá que equilibrar os interesses de suas bases conservadoras com as demandas progressistas de seus novos aliados, o que poderá gerar tensões em sua administração.
A vitória, no entanto, é um marco importante para o cenário político de Goiás. O envolvimento de Lula, Adriana Accorsi e do PT indica que as alianças regionais podem redefinir os rumos da política local nos próximos anos. Ao mesmo tempo, o fortalecimento da relação entre Mabel e Caiado sugere que essa aliança pragmática pode ser replicada em outras regiões do estado e até mesmo em âmbito nacional.
Conclusão: uma vitória envolta em polêmicas e alianças
A eleição de Sandro Mabel para a Prefeitura de Goiânia com 55% dos votos representa uma vitória marcada por polêmicas e alianças que surpreenderam o cenário político local. O apoio decisivo do PT e as investigações que ainda pairam sobre sua campanha sugerem que sua administração enfrentará desafios significativos nos próximos anos. Goiânia terá um prefeito cuja vitória foi garantida por alianças incomuns e estratégias políticas que, embora eficazes, deixaram um legado de controvérsias.
Para mais informações e atualizações sobre as eleições em Goiânia, continue acompanhando o Jornal JA7 e siga-nos no Instagram @jornalja7!
