O uso de um site oficial do governo para divulgar uma pesquisa eleitoral que favorece o vice-governador Daniel Vilela (MDB) tem gerado grande repercussão e pode levar o Ministério Público de Goiás (MP-GO) a investigar possíveis violações legais.
O material, publicado no portal da vice-governadoria de Goiás, destacava a liderança de Vilela na corrida para o Palácio das Esmeraldas em 2026. A divulgação foi interpretada por analistas políticos como uso indevido da estrutura governamental para promoção pessoal, o que pode configurar abuso de poder e improbidade administrativa.
A publicação foi apagada após repercussão negativa, mas especialistas apontam que a remoção não elimina as possíveis infrações cometidas.



Uso de site institucional para fins eleitorais pode ser ilegal
A Constituição Federal determina que canais oficiais do governo devem ser utilizados exclusivamente para a divulgação de atos administrativos e institucionais, sem favorecimento pessoal ou partidário. O artigo 37 da Constituição estabelece os princípios da impessoalidade e moralidade, que impedem a promoção de agentes públicos por meio de recursos do Estado.
A Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92) também prevê punições severas para servidores ou gestores que utilizam recursos públicos para autopromoção ou fins eleitorais, incluindo suspensão dos direitos políticos, multas e até perda do cargo.
A divulgação da pesquisa, que apresentava Daniel Vilela com 26,12% das intenções de voto e uma vantagem de quase dez pontos sobre Marconi Perillo (PSDB), não apenas reforçava seu favoritismo, mas também continha termos elogiosos que fortaleceriam sua imagem junto ao eleitorado.
Governadoria alega erro, mas falha em explicar a publicação
Após o caso repercutir, a vice-governadoria emitiu um comunicado informando que a publicação ocorreu “por um erro individual” e que foi removida assim que identificada.
Apesar da justificativa, especialistas apontam que o simples fato da publicação ter sido veiculada já caracteriza uma possível infração, uma vez que alguém dentro da estrutura governamental redigiu e aprovou o conteúdo antes de sua divulgação.
A alegação de erro individual, segundo analistas jurídicos, não exime a gestão estadual da responsabilidade legal, e o caso pode avançar para uma investigação formal.
Ministério Público pode abrir investigação sobre uso da máquina pública
Com a repercussão do episódio, cresce a possibilidade de que o Ministério Público Estadual (MP-GO) inicie uma apuração oficial para determinar se houve violação dos princípios administrativos e se a conduta pode configurar improbidade administrativa.
Caso seja constatado que a estrutura do governo foi usada para fins eleitorais, os responsáveis podem ser punidos com inelegibilidade, multas e sanções políticas.
O episódio reforça os debates sobre transparência na administração pública e os limites do uso de canais institucionais para promoção de figuras políticas.
A escalada das tensões políticas em Goiás
A movimentação política em Goiás para as eleições de 2026 já começou a se intensificar. O caso envolvendo Daniel Vilela e a vice-governadoria coloca ainda mais atenção sobre a gestão do governador Ronaldo Caiado (UB), que já enfrenta questionamentos sobre o uso da máquina pública em favor de aliados políticos.
À medida que a disputa eleitoral se aproxima, o episódio pode ser explorado por adversários políticos, aumentando a pressão sobre o governo estadual e sobre Daniel Vilela, que pode enfrentar desgaste de imagem diante do eleitorado.
O Jornal JA7 seguirá acompanhando os desdobramentos deste caso e possíveis medidas adotadas pelos órgãos de controle e fiscalização.