Faltando poucos dias para o segundo turno das eleições municipais em Goiânia, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e o candidato à prefeitura, Sandro Mabel (União Brasil), estão sendo investigados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) por suspeita de abuso de poder político. A investigação foi aberta após a denúncia feita pelo adversário de Mabel no segundo turno, Fred Rodrigues (PL), que acusa Caiado de utilizar a estrutura do governo estadual para favorecer o seu candidato.
O foco da investigação é o uso do Palácio das Esmeraldas, sede oficial do governo goiano, onde teriam sido realizados jantares com a participação de vereadores eleitos e lideranças políticas. Segundo a denúncia, esses eventos tinham como objetivo impulsionar a candidatura de Mabel, desrespeitando as normas eleitorais que proíbem o uso de bens públicos para fins de campanha.
Decisão judicial e medidas restritivas
A juíza eleitoral Maria Umbelina Zorzetti determinou a proibição imediata de novos eventos de caráter político no Palácio das Esmeraldas e em outros espaços públicos sob controle do governo estadual. Em sua decisão, a magistrada afirmou que o uso da máquina pública para fins eleitorais desequilibra o pleito e compromete a isonomia entre os candidatos. A juíza também destacou que a prática configura um abuso de poder político, podendo levar à cassação de mandatos e inelegibilidade dos envolvidos.
Além disso, a investigação inclui a análise de uma ação social realizada pelo governo de Goiás no dia 21 de outubro, durante a qual cestas básicas foram distribuídas à população. Segundo a denúncia, o evento foi promovido como parte de um programa governamental, mas foi manipulado para angariar apoio à candidatura de Mabel, o que também poderia ser caracterizado como uma violação das leis eleitorais.
Repercussão política e respostas dos envolvidos
O caso gerou grande repercussão no cenário político de Goiânia, com a campanha de Fred Rodrigues capitalizando as denúncias para enfraquecer seu adversário. Rodrigues, que conta com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou em declarações à imprensa que o uso da máquina pública para favorecer Sandro Mabel mostra um “desespero eleitoral” e que os eleitores devem estar atentos a essas práticas ilegais.
Por outro lado, a defesa de Ronaldo Caiado e Sandro Mabel negou as acusações, afirmando que os eventos realizados no Palácio das Esmeraldas não tiveram caráter eleitoral e que a distribuição de cestas básicas faz parte de um programa social de longa data, sem qualquer vínculo com a campanha. A equipe jurídica dos investigados declarou que a denúncia tem motivações políticas e visa desestabilizar a candidatura de Mabel.
Tensões em meio à reta final da campanha
Esta é a segunda vez, em poucas semanas, que Ronaldo Caiado e Sandro Mabel enfrentam problemas com a Justiça Eleitoral. Recentemente, o governador já havia sido proibido de realizar jantares políticos no Palácio das Esmeraldas. As acusações aumentam a tensão nos últimos dias da campanha, com ambos os lados utilizando a situação para atacar seus adversários e conquistar o eleitorado indeciso.
O TRE-GO determinou que Caiado e Mabel têm até cinco dias para apresentar suas defesas no caso. A investigação está em fase preliminar, e o desfecho pode ter impacto direto no resultado das eleições, marcadas para o próximo domingo, 27 de outubro. Se considerados culpados, ambos podem enfrentar consequências que variam de multas a cassação de candidaturas, além de inelegibilidade para futuras eleições.
Impacto no eleitorado e as próximas etapas
Para os eleitores de Goiânia, a investigação reforça as divisões que já estavam presentes na campanha. De um lado, os apoiadores de Fred Rodrigues veem nas denúncias uma prova de que sua candidatura representa uma ruptura com a velha política, enquanto os eleitores de Sandro Mabel enxergam as acusações como parte de uma estratégia de queima de reputação.
Enquanto o segundo turno se aproxima, o resultado das urnas se torna ainda mais incerto. A decisão do TRE-GO sobre as acusações de abuso de poder pode influenciar decisivamente o pleito, que definirá o próximo prefeito da capital goiana.
